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Quase 70 mil toneladas de açaí saem do AM

Cada amazonense bebe 10 litros de açaí, o equivalente a 20 copos de 500 ml por ano, segundo estatísticas do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário Florestal Sustentável do Amazonas (Idam). O Amazonas produziu 69 mil toneladas de frutos de açaí em 2018, o que representa uma queda de 16% comparada a produção do ano de 2017 que registrou 81,8 mil. O alto consumo impulsiona empresários a investir no setor para atender a demanda local e também abastecer supermercados e restaurantes de outros estados e países.

De acordo com o Idam, os principais municípios produtores do Estado são: Codajás, Anori, Coari, Carauari, Humaitá,Tapauá, Manicoré, Lábrea, Benjamin Constant, Borba, Nova Olinda do Norte e Rio Preto da Eva. No censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, no ranking dos 10 maiores municípios consta também Tefé.

Cerca de 18 agroindústrias que processam açaí nos municípios do interior do Estado possuem registro, segundo o Idam. Aproximadamente 13 mil agricultores familiares e produtores rurais atuam na atividade do açaí. As agroindústrias instaladas nos municípios do interior do Estado exportam o fruto para quase todos os estados brasileiros, exceto os da região Norte, São Paulo, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Goiás e também exportam para países como França e Suíça.

Açaí raiz

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Codajás, Nathan Bastos, a safra do açaí inicia em outubro e vai até o final de maio. Em 2018, o município produziu 435 mil sacas de açaí, sendo 70% de espécies nativas e 30% de plantio.

“Grande parte dessa produção, 40%, vai para o Pará. Uma fábrica grande aqui no município compra o açaí, processa e manda congelado para o Pará. Outra parte é comprada pelas fábricas de Manacapuru. A produção abastece Codajás e também é vendido o grão e o açaí já batido para Manaus”, explicou o produtor de açaí.

Segundo Bastos, a atividade movimenta a economia do município durante a safra. Neste período, todos os dias saem embarcações do porto de Codajás com açaí. Produtores vendem a saca no preço médio de R$ 100. O açaí artesanal é comercializado no município a R$ 5 o litro. Ao chegar no porto de Manaus é vendido com preço médio de R$ 7 e o preço de revenda e para entregas custa R$ 10.

Natural de Juruá, João Pinheiro, de 65 anos, há 32 anos produz e vende açaí na avenida Codajás, no bairro de Petrópolis. Seus fornecedores são de Anori, Anamã, Coari, Codajás e Manaquiri.

Todos os dias, ele processa o  produto que leva em média duas horas. Ele vende por dia 120 litros de açaí sendo o litro comercializado a R$ 10 e a polpa concentrada a R$ 15.

“Não sei como é feito no interior. Não vou comprar coisa no escuro. Não sei qual água utilizada e a limpeza do açaí. Nosso diferencial é a qualidade e o manuseio adequado do produto em todo o processo. No interior, não se consegue fazer açaí grosso porque não se tem a máquina (de bater). O Amazonense gosta é de açaí fino”, explicou.

Segundo o produtor, uma saca com 50 quilos do fruto gera 30 litros de açaí e 17 litros da polpa.

Há dois anos, o empreendedor Márcio Cota revende o litro de açaí, por R$ 10, de uma fábrica de Anori, Açailândia que produz 20 mil litros por semana.  Ele vende 300 litros por semana e afirma que é raro ter perdas.

Empresa exporta para a Europa

A Waku Sese Amazônia exporta açaí para Europa, com fornecedor na Espanha, e também abastece todas as lojas do Habib’s em território nacional. Segundo o diretor da empresa, Francisco Daou, o produto é pronto para o consumo e com uma formulação especial. “Todo açaí que mandamos para fora, 80% não é mais somente a polpa. É um mix com frutas em uma base de sorvete com maciez e cremosidade”, disse.

Extrativismo ainda lidera produção

Pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, sob a liderança do doutor e engenheiro agrônomo Edson Barcellos, já realizaram o cruzamento e o melhoramento genético do  açaí do Amazonas (euterpe precatoria) de terra firme e o açaí do Pará (euterpe oleracea) de várzea.

Segundo Edson, plantios já foram realizados e daqui a cinco a seis anos os açaizeiros irão produzir frutos em que serão analisados o crescimento, a produtividade e as características da polpa. Ele ressaltou que o melhoramento e a domesticação de espécies é um projeto de longo prazo.

De acordo com o engenheiro agrônomo, 90% do açaí produzido no Brasil vem do extrativismo. “Nos últimos cinco e dez anos, começaram a surgir os primeiros plantios, o que representa só 10% da produção nacional. A tendência é ampliar cada vez mais esses plantios. O crescimento só vai acontecer em função de política de governo com condições de infraestrutura e competição comparativa”, avalia.

Para o pesquisador, o Amazonas precisa estimular os caboclos e extrativistas a aumentar a produção de açaí no interior garantindo a qualidade e coleta do fruto.

De acordo com o diretor, a empresa produz em média 27 toneladas de açaí por mês na fábrica localizada no quilômetro 67 da rodovia AM-010, que liga Manaus a Manacapuru. Na safra, o açaí é oriundo dos municípios produtores do Estado e no período da entressafra compra a produção de Itacoatiara e também dos estados de  Roraima e Pará.

O empresário disse que o investimento maior no setor  é na capacidade de frio (congelamento) fundamental para qualidade

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