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Posto Ipiranga volta a comandar a Petrobras

Entender o presidente Jair Bolsonaro nunca foi tarefa fácil, talvez porque parte de suas motivações raramentte sejam claras. Na última terça-feira (10) a notícia da saída do ministro de Minas e Energia, o general da Marinha Bento Albuquerque, não pegou ninguém de surpresa. A tensão entre Bolsonaro e o agora ex-ministro vinha crescendo nos últimos meses. Primeiro porque o general se esquivava das polêmicas políticas incitadas pelo presidente, em especial as que diziam respeito à Petrobras. Segundo porque os arautos do Centrão no Congresso alertavam que o general não estaria “colaborando”. Isso levou Bolsonaro a fazer o que sua caneta Bic permite: exonerar mais um ministro (já são 32 em pouco mais de três anos). O que não estava previsto era o sucessor de Albuquerque. O escolhido foi Adolfo Sachsida, que acompanha Paulo Guedes desde a posse e já havia exercido diferentes cargos na pasta da Economia. Com essa decisão, Bolsonaro colocou a Petrobras de volta sob o comando do Posto Ipiranga. Se a ideia é conter os aumentos dos combustíveis, algo crítico em ano de eleição, talvez o efeito colateral seja pior: desagradar o Centrão.

 

Sachsida é o mediador de interesses que Guedes sempre buscou para dialogar com Bolsonaro. Ele até já foi descrito como o mais bolsonarista da equipe econômica. Servidor público de carreira (esteve por mais de duas décadas no IPEA), ajudou Guedes a elaborar a Lei de Garantias, o novo marco legal dos cartórios e a revisão dos precatórios, ganhando pontos dentro e fora do governo federal. Quando promovido, ele agradeceu no Twitter com dizeres no mais puro tom bolsonarista. “Com muito trabalho e dedicação espero estar à altura desse que é o maior desafio profissional de minha carreira. Com a graça de Deus vamos ajudar o Brasil.” E já encomendou um estudo para provatizar a petroleita que rende bilhões ao governo.

CENTRÃODUTO E Guedes? Saiu fortalecido? Em termos. Como ministro, seu pupilo Sachsida terá que resolver alguns “pepinos”. O maior é o projeto de construir gasodutos, ao custo de R$ 100 bilhões, criado pelo Centrão com apoio de fortes nomes da construção civil. O plano, que ficou conhecido como Centrãoduto, já havia sido abatido em pleno voo por Guedes e Albuquerque, e agora os deputados voltam a ele. A outra tensão é a Petrobras, tema sensível para Bolsonaro porque afeta as eleições. Dono de um discurso que rechaça interferência do Estado, o novo ministro terá de lidar com os ataques do presidente ao comando da estatal. “Petrobras, estamos em guerra. Não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem aumentar mais o preço do combustível”, disse Bolsonaro em sua live semanal. Com um chefe assim, fica difícil até para o Posto Ipiranga.

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