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Governo anuncia retomada da obra do Hospital do Sangue e a realização de quatro tipos de transplantes, em 2018

O secretário de Estado de Saúde, Francisco Deodato, anunciou que o Governo do Amazonas vai liberar os recursos que estão faltando da contrapartida estadual para a obra do Hospital do Sangue, que está parada desde setembro de 2016. O anúncio foi feito nesta terça-feira (19/12), durante a inauguração do Centro de Processamento Celular (CPC), unidade voltada para a coleta, processamento e armazenamento de células do cordão umbilical e da placenta para fins de transplante de medula óssea, na Fundação Hemoam. Na ocasião, também foi anunciada a realização, a partir de 2018, dos transplantes de rins, fígado, coração e medula óssea, no Estado.

Segundo Deodato, os recursos, cerca de R$ 11 milhões, que o Estado deve aplicar na obra do Hospital do Sangue, já estão garantidos no orçamento de 2018 e a licitação que vai escolher uma nova construtora, já que a anterior pediu distrato, está na Comissão Geral de Licitação (CGL). O valor total da obra é de R$ 42 milhões, dos quais R$ 31 milhões são financiados pela Caixa Econômica. Quando foi interrompida, a obra tinha apenas 30% de execução.

“Vamos retomar, no menor espaço de tempo possível, o Hospital do Sangue. O novo governo tem um compromisso com a realização desse grande sonho. Já estamos em tratativas para que, na virada do ano, tenhamos um novo orçamento e, assim, trabalhar para retomarmos esse projeto estratégico, não só para o nosso Estado, mas para toda a região Norte”, disse o secretário.

Hospital em preparação – Francisco Deodato afirmou que já está programada a retomada de transplante de rim e de fígado no Estado, que eram feitos por clínica conveniada, mas estavam suspensos desde julho de 2016. Agora, o Hospital da Fundação Adriano Jorge está sendo preparado pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam) para esta finalidade. A meta é começar a fazer as cirurgias em no máximo três meses. A Susam também está trabalhando para começar a realizar ano que vem transplante de coração no Hospital Francisca Mendes.

“Nós vamos continuar trabalhando para que o Amazonas chegue a realizar os transplantes que tanto precisamos e sonhamos. E, agora, temos a possibilidade real do transplante de medula. Esse laboratório já é um grande passo no sentido de realizarmos isso (transplante de medula) ainda em 2018”, disse o secretário. Segundo ele, enquanto o Hospital do Sangue não fica pronto, será possível realizar transplante no Hospital Getúlio Vargas.

CPC do Amazonas – Implantado  numa área 152 m2, na sede do Hemoam (próximo ao bloco A), na avenida Constantino Nery, bairro da Chapada, zona centro sul, o CPC do Amazonas, é o 15º centro da Rede BrasilCord, voltados para a seleção e preparo de materiais para a realização de transplantes de medula óssea. O CPC é uma iniciativa do Ministério da Saúde, em parceria com o Governo do Amazonas, gestão da Fundação do Câncer, supervisão técnica do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).

O diretor-presidente da Fundação Hemoam, Nelson Fraiji, reforça que a unidade é um passo importante no processo de realização de transplante, que se concluirá com a inauguração do Hospital do Sangue. O hospital está em obra, em área ao lado do prédio da Fundação Hemoam. “O banco representa um avanço tecnológico, que coloca a instituição muito próxima de integrar a rede de instituições que realizam transplante no Brasil e no mundo. É mais um passo que estamos dando, no caminho do transplante”, frisou.

Além de pessoal treinado, Nelson Fraiji observa que o CPC possui equipamentos de elevada sofisticação e tecnologia. “Estamos entregando um laboratório de alta tecnologia, que vai coletar a célula do cordão umbilical e da placenta nas maternidades, retirar o sangue com potencial para reproduzir a medula óssea, resfriar esse material em nitrogênio e disponibilizar as características desse material em um banco de dados para transplante em pessoas compatíveis”, explica.

A base de dados terá capacidade para congelar 3,5 mil amostras de células-tronco do sangue do cordão umbilical e da placenta. O material será coletado de maternidades públicas de Manaus, com autorização das mães, e vai ficar disponível por meio do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), ajudando quem aguarda na fila por um doador compatível não aparentado. O Hemoam firmou parceria com o Instituto Dona Lindu para a coleta do material da placenta e de sangue do cordão umbilical.

Transplantes – O CPC do Hemoam servirá como base para que seja desenvolvido o Centro de Transplantes de Medula Óssea na região. Desta forma, os pacientes não vão precisar viajar longas distâncias para o procedimento e aumentam as chances de localizar material compatível para doação no Brasil e no exterior.

Presente na inauguração do CPC, o coordenador da Rede BrasilCord, Luis Fernando Bouzas, acredita que a implantação de uma unidade como esta na região Norte é uma forma de aumentar a representatividade genética da população brasileira. “O CPC, além de armazenar amostras doadas de sangue de cordão umbilical, é um laboratório de processamento de células-tronco capaz de suportar atividades de transplante na região Norte. Tudo isso é um incentivo para o desenvolvimento e construção de centros de transplantes no Norte e Nordeste. A partir de agora, a base está lançada”, reforça.

Além de Bouzas, também estavam presentes no evento o diretor de Produtos da Fundação do Câncer,  Heinhard Braun, e o diretor do Instituto da Mulher Dona Lindu, Marco Lourenço.

‘Revolução’ – O investimento no CPC do Amazonas foi de R$ 7 milhões e contempla, ainda, a aquisição de equipamentos e capacitação de pessoal. “A abertura de mais um Centro aumenta as chances de quem aguarda na fila por transplante de medula, de encontrar um doador compatível. Além disso, mais de 80 doenças podem ser tratadas por meio do transplante de células-tronco presentes no cordão umbilical de recém-nascidos. Portanto, isto é uma revolução e o Amazonas, neste momento, está credenciado para integrar esta importante rede”, observa o secretário Francisco Deodato.

Segundo a gerente do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde (DECISS) do BNDES, Marcia Garcez, este é um projeto muito valorizado pela instituição, com bons resultados junto à Rede BrasilCord, “A colaboração do BNDES começou em 2006. Desde então, já foram celebrados três contratos. O terceiro é referente à etapa atual, com a inauguração dos CPCs do Maranhão, Manaus e Campo Grande. É prioridade do Banco, por meio do Departamento, apoiar serviços voltados à saúde, que melhorem o atendimento da população e promovam redução de custos para o Ministério da Saúde”, disse.

As chances de um brasileiro localizar um doador em território nacional é 30 vezes maior que a de encontrar o mesmo doador no exterior, conforme pesquisa realizada em 2012, pelo Redome. De acordo com o Inca, até setembro de 2017, foram preservadas 23.850 unidades de cordão umbilical nos bancos públicos do País e 186 unidades utilizadas em transplantes.

Avanço tecnológico – O novo Centro abrirá uma perspectiva sem precedentes na região para tratamento de diversas doenças hematológicas, como leucemias, linfomas, aplasias de medula, e até algumas anemias hereditárias, e será também um novo eixo de treinamento médico, de pesquisa e terapia celular. “A sociedade ganha muito com esta inauguração. Equipamentos e tecnologia de última geração e uma equipe altamente qualificada que recebeu treinamento no Inca, no Rio de Janeiro. Estamos muito orgulhosos em poder entregar à população mais essa joia rara, que salvará muitas vidas”, conta Marson Rebuzzi, gerente de projetos da Fundação do Câncer.

FOTOS: AGUILAR ABECASSIS/SECOM

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